A exibição dos nossos “meninos” no passado sábado, na Ponta Garça, esteve perto da perfeição. Quando se joga daquela forma, para quem tem a missão de descrever os factos, é difícil não adjectivar a crónica em demasia. Sinceramente, aquilo que se viu frente ao Botafogo foi do melhor a que assisti ao nível de futebol de formação nos últimos tempos.
No entanto, nada acontece por acaso. Há algumas semanas que os responsáveis pelas Escolas B esperavam esta resposta dos atletas. É para isso que o trabalho tem sido desenvolvido e, passados que são alguns meses desde o início desta caminhada, o fruto do esforço que tem sido feito, a vários níveis, apareceu em larga medida.
De pouco servirá, contudo, agora nos colocarmos bicos de pés. Agora, como quando perdemos com o Santo António, esta equipa não é a melhor, nem é a pior. Meus “meninos”, as coisas saíram bem, sim. Mas, este resultado mais não é do que o corolário do vosso esforço. Esta equipa é uma coisa com atitude e querer, e é uma coisa completamente diferente quando a garra desaparece e o individualismo ultrapassa o colectivo.
No sábado, jogámos como equipa. Ninguém pensou no “eu” primeiro do que no “nós” e quando assim é tudo fica mais fácil. O colectivo deve estar sempre antes das individualidades, embora sejam estas que dêem corpo à equipa. Na Ponta Garça foi assim e, quiçá o mais difícil, será manter esta bitola.
Frente ao Botafogo, saímos com a clara sensação de que tudo foi bom. Foi bonita a festa no final. Ao longo do jogo, cheguei a arrepiar-me com algumas jogadas, de tão bem desenvolvidas que foram, e não posso de deixar de dar uma palavra à nossa claque. Que bonito foi ouvir gritos como “Santa” … “Clara”. Um cenário perfeito, sem dúvida, numa tarde de sol a fazer lembrar os bonitos dias de Agosto.
Voltemos atrás. Contemos os factos. Chegávamos à Ponta Garça vindos de uma derrota pesada nas Furnas, no fim-de-semana anterior, num jogo em que as condições atmosféricas nos prejudicaram em demasia.
Sabíamos que, frente ao Botafogo, o jogo iria ser equilibrado. Era, pelo menos, isto que nos diziam os resultados anteriores. Tudo dependeria da forma como os “meninos” encarassem o desafio. E que boa resposta deram.
Entramos mal no jogo. Aos dois minutos já perdíamos, fruto de uma desconcentração colectiva. Ai meu Deus, pensei.
No entanto, rapidamente o cenário se alterou. Os nossos jogadores soltaram-se e de que maneira. O jogo começava a sair fluído, com trocas de bolas perfeitas entre os vários sectores. A bola começava a rondar a baliza do Botafogo e prometia entrar, mais cedo ou mais tarde. Os jogadores da Ponta Garça começavam a desesperar, enquanto os nossos “embalados” pela onda os sufocavam. Ufa, pensava, este domínio vai acabar em golo. E, claro está, foi o que acabou por acontecer.
Não satisfeitos, os nossos meninos continuavam em cima do adversário. Banco e claque gritavam até à exaustão. O esférico, contudo, não entrava. Ao intervalo, o empate era injusto, tal o caudal ofensivo desenvolvido.
O receio era que a equipa deixasse de acreditar. Foi isto que lhes foi dito: mantenham a mesma atitude e vontade.
O colectivo continuava a ditar leis. A bola saia sempre a jogar da defesa, passava pelo meio campo, onde os extremos abriam, qual realejo, para a receber. Depois, o ataque movimentava-se como de uma equipa mais velha se tratasse. Sentia-se que se estava perto a assistir a um momento marcante da época. E…, quebrou-se o enguiço. O segundo golo foi como o soltar das amarras. A partir daí vimos um conjunto de meninos em perfeito uníssono. A bola era tratada com destreza e leveza. Os golos foram surgindo e a festa foi-se adensando.
Ganhámos por cinco a dois, mas poderiam ter sido muitos mais, tal foi a diferença ao longo dos 50 minutos. Os “meninos”, técnicos e directores abraçavam-se. A claque rejubilava. Não ganhámos o campeonato, longe disso, mas ganhámos uma equipa.
Estão de parabéns os atletas, porque tal alegria só por eles foi-nos proporcionada.
Resta continuar com a mesma atitude. Na Ponta Garça estiveram bem, talvez até perfeitos, agora é manter esta garra e postura. Porque assim, a alegria estará sempre mais perto.
O Santa Clara jogou com: João Cunha, Tomás Botelho, Gonçalo Cabral, Hugo Laranja, João Martins, Henrique Farias e Lucas.
Jogaram ainda: Rui e Ronaldo Mendes.