segunda-feira, 22 de março de 2010

O poder do colectivo

A exibição dos nossos “meninos” no passado sábado, na Ponta Garça, esteve perto da perfeição. Quando se joga daquela forma, para quem tem a missão de descrever os factos, é difícil não adjectivar a crónica em demasia. Sinceramente, aquilo que se viu frente ao Botafogo foi do melhor a que assisti ao nível de futebol de formação nos últimos tempos.
No entanto, nada acontece por acaso. Há algumas semanas que os responsáveis pelas Escolas B esperavam esta resposta dos atletas. É para isso que o trabalho tem sido desenvolvido e, passados que são alguns meses desde o início desta caminhada, o fruto do esforço que tem sido feito, a vários níveis, apareceu em larga medida.
De pouco servirá, contudo, agora nos colocarmos bicos de pés. Agora, como quando perdemos com o Santo António, esta equipa não é a melhor, nem é a pior. Meus “meninos”, as coisas saíram bem, sim. Mas, este resultado mais não é do que o corolário do vosso esforço. Esta equipa é uma coisa com atitude e querer, e é uma coisa completamente diferente quando a garra desaparece e o individualismo ultrapassa o colectivo.
No sábado, jogámos como equipa. Ninguém pensou no “eu” primeiro do que no “nós” e quando assim é tudo fica mais fácil. O colectivo deve estar sempre antes das individualidades, embora sejam estas que dêem corpo à equipa. Na Ponta Garça foi assim e, quiçá o mais difícil, será manter esta bitola.
Frente ao Botafogo, saímos com a clara sensação de que tudo foi bom. Foi bonita a festa no final. Ao longo do jogo, cheguei a arrepiar-me com algumas jogadas, de tão bem desenvolvidas que foram, e não posso de deixar de dar uma palavra à nossa claque. Que bonito foi ouvir gritos como “Santa” … “Clara”. Um cenário perfeito, sem dúvida, numa tarde de sol a fazer lembrar os bonitos dias de Agosto.
Voltemos atrás. Contemos os factos. Chegávamos à Ponta Garça vindos de uma derrota pesada nas Furnas, no fim-de-semana anterior, num jogo em que as condições atmosféricas nos prejudicaram em demasia.
Sabíamos que, frente ao Botafogo, o jogo iria ser equilibrado. Era, pelo menos, isto que nos diziam os resultados anteriores. Tudo dependeria da forma como os “meninos” encarassem o desafio. E que boa resposta deram.
Entramos mal no jogo. Aos dois minutos já perdíamos, fruto de uma desconcentração colectiva. Ai meu Deus, pensei.
No entanto, rapidamente o cenário se alterou. Os nossos jogadores soltaram-se e de que maneira. O jogo começava a sair fluído, com trocas de bolas perfeitas entre os vários sectores. A bola começava a rondar a baliza do Botafogo e prometia entrar, mais cedo ou mais tarde. Os jogadores da Ponta Garça começavam a desesperar, enquanto os nossos “embalados” pela onda os sufocavam. Ufa, pensava, este domínio vai acabar em golo. E, claro está, foi o que acabou por acontecer.
Não satisfeitos, os nossos meninos continuavam em cima do adversário. Banco e claque gritavam até à exaustão. O esférico, contudo, não entrava. Ao intervalo, o empate era injusto, tal o caudal ofensivo desenvolvido.
O receio era que a equipa deixasse de acreditar. Foi isto que lhes foi dito: mantenham a mesma atitude e vontade.
O colectivo continuava a ditar leis. A bola saia sempre a jogar da defesa, passava pelo meio campo, onde os extremos abriam, qual realejo, para a receber. Depois, o ataque movimentava-se como de uma equipa mais velha se tratasse. Sentia-se que se estava perto a assistir a um momento marcante da época. E…, quebrou-se o enguiço. O segundo golo foi como o soltar das amarras. A partir daí vimos um conjunto de meninos em perfeito uníssono. A bola era tratada com destreza e leveza. Os golos foram surgindo e a festa foi-se adensando.
Ganhámos por cinco a dois, mas poderiam ter sido muitos mais, tal foi a diferença ao longo dos 50 minutos. Os “meninos”, técnicos e directores abraçavam-se. A claque rejubilava. Não ganhámos o campeonato, longe disso, mas ganhámos uma equipa.
Estão de parabéns os atletas, porque tal alegria só por eles foi-nos proporcionada.
Resta continuar com a mesma atitude. Na Ponta Garça estiveram bem, talvez até perfeitos, agora é manter esta garra e postura. Porque assim, a alegria estará sempre mais perto.

O Santa Clara jogou com: João Cunha, Tomás Botelho, Gonçalo Cabral, Hugo Laranja, João Martins, Henrique Farias e Lucas.

Jogaram ainda: Rui e Ronaldo Mendes.

2 comentários:

  1. Valeu a pena realmente a viagem, foi por assistir a 50 minutos de bom futebol, do melhor para estes escalões, pela aura de alegria e satisfação que os nossos jogadores espalhavam.
    Como digo pelo prazer de os ver divertirem-se.
    Se geralmente estão eufóricos quando se juntam fruto da idade e do entusiasmo sábado era por demais.
    O entusiasmo era de tal forma que até os pais queriam comemorar e sem qualquer premeditação ou preparação lá foram os nossos jogadores brindados com o que eles mais apreciam, um gelado a caminho de casa em Vila Franca do Campo, lógico patrocinado pelos seus maiores admiradores os pais.
    Como referi fruto do acaso mas que certamente vão recordar por algum tempo.
    Júlio C.

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  2. Pena não se terem lembrado do treinador para a comemoração. Acho que apesar de tudo, quer gostem ou não dele, merecia também comemorar esta vitória.

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